sábado, 7 de julho de 2007

Quando em 1922, Le Corbusier projetou a Ville Contemporaine, também conhecida como cidade para três milhões de habitantes, houve um resgate dos ideais abordadas por Ledoux no final do século XVIII. O retorno do pensamento de Cidade Ideal, segundo Kaufmann em seu livro “De Ledoux a Le Corbusier”, não se deu independentemente das exigências da realidade da época, mas novas afirmações de moralidade e direito, assim como um novo conceito de arte que propõe uma nova ligação entre a arte e a vida. Dessa forma Ledoux aparece como aquele que marcou o começo dessa nova afirmação, e Le Corbusier aquele o qual a obra afirma os novos princípios.

A forma característica dos projetos de Ledoux estava relacionada à diagramação de quadrados ou retângulos derivados deste. Em seus principais edifícios, como a casa da diretoria das Salinas de Chaux e o Teatro Besancon, ficam evidentes na hierarquia os setores formados dessas duas formas. Quadrados e retângulos se repetem perifericamente ao núcleo, também em formato tetraédrico. Pode se comparar essa forma de conceber a organização do projeto de Ledoux ao arquiteto moderno Louis Kahn, que se utiliza dos mesmos princípios para compor e hierarquizar seus projetos. Outro recurso usado por ambos Ledoux e Louis Kahn é estruturação do projeto em pavilhões, quebrando a assim a singularidade de seus edifícios. Dois exemplos desses ideais em prática são a biblioteca da Academia Philips Exeter e Cetro Richard de Pesquisas Médicas da Universidade da Pensilvânia.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

O legado deixado por Ledoux foi além de mais um aprimoramento das técnicas construtivas, foi o começo de uma nova forma de abordagem da arquitetura de um edifício em relação a sua funcionalidade. A começar pela construção da época, a architecture parlante era assim chamada pois a construção era dotada de símbolos que evidenciavam a função. Os projetos de Ledoux, muitas vezes considerados não ortodoxos, se baseavam em formas geométricas que partiam do paralelepípedo até pirâmides e esferas, tudo com o intuito de desenvolver novas formas. Porém, foi na construção das Salines de Chaux de que ocorreu a maior transformação. Dado a importância do sal na época que lhe foi encomendado o projeto, Ledoux deu um caráter monumental à vila, rompendo não só com a organização dos edifícios, mas em sua própria característica, conferindo lhes uma importância que não era habitual. A repercussão dessa atitude fez com que iniciasse um processo de rompimento da hierarquia das categorias de arquitetura.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Claude-Nicolas Ledoux nasceu em 1736 na região de Dormans, a leste de Paris, França, filho de um modesto comerciante da região de Champagne. Após terminar seus estudos na escola paroquial, Ledoux conseguiu uma bolsa de estudos que lhe garantia vaga no College of Beauvais, em Paris, onde cursou estudos clássicos, serie de diciplinas envolvendo línguas, literatura, história, arte etc. Em 1953 começou a trabalhar como aprendiz de gravador, na época, pessoa que esculpia textos ou detalhes em pedra ou cobre. Após quatro anos, Ledoux ingressou na Escola de Artes de Jacques-François Blondel a fim de estudar arquitetura.

Ledoux começa a trabalhar como arquiteto a partir de 1762 e na grande maioria de seus projetos são restaurações e reformas de edifícios. Durante o período entre 1769 a 1771, muda-se para Inglaterra onde começa a se familiarizar com a arquitetura paladiana, que passou a ter influencia em todas as próximas obras de Ledoux.






As salinas de Lorena e Franco Condado foram entregues aos cuidados de Ledoux em 1771, porém sua primeira inspeção somente foi realizada em 1773. Das fontes salgadas que brotavam nas montanhas, após a cristalização a partir de um processo de evaporação simples, era obtido o sal. Ledoux observou que as condições das fabricas eram muito ruins, fazendo com que o sal produzido tivesse uma qualidade duvidosa e que nenhuma das salinas tivesse suscetibilidade de experimentar uma expansão. Outro problema era a constante necessidade por combustível para alimentar as caldeiras. Em abril do mesmo ano, o projeto foi aprovado pelo rei Louis XV.
A solução encontrada por Ledoux foi mover o local da fábrica de perto das fontes de sal para perto do bosque de Chaux, e ter a água transportada por um aqueduto. A organização do complexo se dá de maneira totalmente diferente de uma cidade usual. Os edifícios principais, encontrados no centro, são a casa da diretoria, o prédio administrativo, casa de caldeiras e o local de estoque de madeira, formando o eixo da cidade, estendendo-se pelo diâmetro do círculo. Edificações como igreja, comércios e residências são encontrados somente nas periferias, o que rendeu a Ledoux muitas criticas na época. A organização faz simbolismo pré-panóptico de vigilância e um modelo proto-rousseaunianista de comunidade, que na opinião do próprio Ledoux caracterizavam, de um lado o poder onipresente do diretor que vigia a produção como agente de poder do rei, e a comunidade de trabalhadores e artesões cuidadosamente organizada para impulsionar a moral e a urbanização.
Ledoux discordava da posição de Blondel quanto os aspectos da construção industrial. Enquanto Blondel dizia em sua teoria que tais construções eram de baixo calão, que sua arquitetura devia ser simples, a exemplo de uma construção militar, Ledoux estava interessando na criação de uma arquitetura de produção, garantisse a fábrica uma dignidade arquitetônica igual a do templo ou de um palácio real. As mudanças na convenção do posicionamento dos prédios e em relação suas arquiteturas chocou o próprio rei Louis XV. Das colunas dóricas que guardavam a entrada da fábrica, mesma que foi esculpida com objetivo de imitar a entrada de uma caverna, até as colunas retorcidas da casa da diretoria, o projeto havia sido concebido com extrema grandiosidade.
Logo em 1774 o rei Louis XV faleceu e foi sucedido por Louis XVI, que teve que lidar com um gigantesco déficit deixado por seu antecessor. A impopularidade dos lideres franceses foi apenas aumentando a cada nova medida econômica implantada, que gerou grande instabilidade política e social. Enquanto isso começou a ser utilizado em grande quantidade uma nova maneira de se obter sal, que era coletando a água salgada dos mares. Esses dois fatores determinaram que a cidade das salinas não fosse levada a diante, tendo os trabalhos encerrados em 1779.
Com a crise da economia, o governo do rei Louis XVI estabeleceu várias leis de taxação, e contratou os serviços de Ledoux para criar uma série de barreiras alfandegárias pela cidade de Paris de 1785 a 1788. A arquitetura dos edifícios das barreiras foi mal aceita pelo o governo e mal vista pelos revolucionários. Durante a revolução, o projeto do Palácio da Justiça foi suspenso e Ledoux foi preso em 1791 pelos revolucionários. Foi eventualmente solto, mas morreu em Paris em 1806.


segunda-feira, 28 de maio de 2007

Bibliografia:

PAUSE, Michael; CLARK, Roger H.. - "Precedents in Architecture" -. New Yok: Van Nostrand Reinhold Company, 1985

KAUFMANN, Emil - "De ledoux a le corbusier" - Colección punto e línea

D'AGOSTINO, Mário Henrique Simão - "As prímicas da cordem"

CAMPOMORI, Mauricio José Laguarda - "Explorações sobre os conceitos de ordem e tempo com vistas a arquitetura de louis kahn"

WIKIPEDIA - http://www.wikipedia.org/

MOREIRA, Pedro Fonseca - montagens em geral